TIBETE, ROMANCE DE SILAS CORREA LEITE, QUE LIVRO É?

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Tibete “Quem somos nós, autointitulados humanos, senão meros cavalos passando de mão em mão e servindo como veículos para que a vida possa escorrer por meio de nossas existências?” Roberto Damatta -E se depois que você consegue “tudo” na vida (e o que é tudo, afinal?), com as mãos limpas, com muito trabalho, profundos estudos, tantos esforços, diversos cursos; com sensibilidade a mil e uma criatividade profissional fora de série, mais dedicação, esmero, e então, um dia, de uma hora para outra, num raro momento finalmente saca. Aturdido descobre que não é nada, que não foi importante o que fez, que não significa muita coisa, afinal, pois tudo isso não fez você feliz? O que é tudo? O tudo que é nada. E se você, depois de erros e acertos na vida pregressa, como todo mundo, acabar com posses limpas, sendo vencedor numa sociedade podre em que ser vencedor poder ser uma terrível marca ruim – “Quem entra em buraco de rato/De rato tem que transar”, diz o rock do Raul Seixas – e você descobre que o vazio que habita seu espírito atribulado é infinitamente maior do que as tais conquistas que, afinal, medidas as proporções, resultaram pífias? É quando você se encontra em processo de deterioração, e corre riscos. Religião? Status quo? Drogas? Money? Que fuga precisa desesperadamente haver? Que fuga que não há e você precisa criar, se refazendo? E quando você mal caindo em si, num momento de pura lucidez extremada, descobre que entendeu tudo errado? Viveu erroneamente, perigosamente até, se sacrificando. Fez o que fez, mas tudo resultou tão pouco, e você se restou feito um zumbi moderno, uma marionete sem controle de seus dígitos, de suas senhas e números, numa sociedade viciada. Máscaras? Então você joga tudo para o alto, larga o osso, garra a rua da amargura, ou pira de vez. Ou vai atrás de seu sábio numa montanha, sua razão escondida de viver, seu Tibete pessoal. O que é mesmo o Tibete de cada um? Qual é a sua praia, a sua lua, o seu anzol, a sua varinha mágica, a sua carcova, a sua luz? A sua vida como uma cruz, uma condenação de viver raso e ralo, entre o sobreviver, perquirir; e ver que do tanto que se superou, nada foi de vital importância para sua jornada de crescimento. Nascer de novo? Como? Não tem como voltar atrás, anular o jogo, ser editado ou julgado inocente. Referências, escolhas, trilhas. Então você verga, quebra. Surta. Viaja na maionese, viaja na batatinha… Entre o Rivotril, o Viagra, o soro com chumbinho, o cortisona, o glitter, o Paracetamol e a pós-graduação, o mestrado ou algum tipo de droga, a busca de um norte, de um aconchego, de um possível mosteiro laico. Você rompe com tudo. Sai em busca de seu Tibete. Como criar o que não existe? O que é o Tibete para cada um, segundo seu entendimento, compreensão, riqueza de vida, sofrências depuradas e instrutivas, conhecimento de prismas possíveis? Cada um tem o seu Tibete numa sublimação, numa resignação, num vicio, livro ou em neuras. O que nos restará? Fugir. Fé na estrada. A culpa é das estrelas? Será tudo de você com você mesmo. Não existem outros meios. O que foi viver? O que é mesmo morrer? Antes do crepúsculo do último suspiro, tentar compreender alguma coisa. Correr atrás do prejuízo. Ser depurado, sofrer uma decantação… Tempo perdido em toda uma vida entregue? Tibete, o romance, talvez seja, em tese, um chamado “Bildungsroman” (romance em formação) pois informa, transforma, reforma, disforma, forma, metamorfoseia, “vidamorfoseia”, expõe grilhetas, desforras, e delata, mostra as garras, a faca entredentes… A sua prestação de contas foi uma mentira. Seu lado b não soma coisa com coisa. A sua piscina tá cheia de ratos, diz o rock. Abra os olhos para o seu Tibete. Afinal, dizia William Shakespeare, choramos ao nascer, porque chegamos a este imenso cenário de dementes. Precisamos saber o que somos. Precisamos nos livrar do que queremos ser? O que é mesmo ser gente? Lá – qualquer lugar que seja o seu “Lá”- pode ser o seu cantinho de recolhimento, um circo armado para o espetáculo dantesco de seu tão sonhado “final feliz”, ou o ninho de um ovo de serpente que você ainda vai precisar chocar. Qual é a sua? Amor e compaixão. Pense nisso. Abra a sua mente, a sua alma, o seu coração, enquanto você tem um batendo aí no seu peito. E se essa vida for, como disse Aldous Huxley, o inferno de outro planeta? Somos derrotados por nada? Caia em si: Tibete-se. Eis o verbo. A verdadeira filosofia da vida é reaprender a ver o mundo, disse Marleau-Ponty

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Silas Correa Leite [Poeta, Escritor, Jornalista Comunitário e Educador Brasileiro]

Silas Correa Leite. Educador, Jornalista Comunitário e Conselheiro em Direitos Humanos, começou a escrever aos 16 anos no jornal “O Guarani” de Itararé-SP.

Fez Direito e Geografia, é Especialista em Educação (Mackenzie), com extensão universitária em Literatura na Comunicação (ECA).

Autor entre outros de “Porta-Lapsos”, Poemas, Editora A

Poema Cristo Crucificado

Tomo tu dolor, Cristo crucificado
Y quiero bajarte de ese horror
Quiero arrancar el clavo en tus pies clavado
Para darte el conforte de mi simple amor
Siento dolor, Jesús, al mirar tu estado
Y quiero salvarte de ese terror
Liberar tus brazos abiertos del madero armado
Cantarte una cantiga, darte un
cobertor.

Siento tu dolor, mi Dios, allí clavado
Que vier

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