NOVA ENTREVISTA COM SILAS CORREA LEITE

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1.Fale um pouco sobre você: seu nome, idade, onde mora e etc… RESPOSTA: Silas Corrêa Leite, 63 anos, Professor aposentado de um dos três trampos (saía de casa as 6 da manhã voltava meia-noite), nascido em Monte Alegre, Paraná colonião (hoje Telêmaco Borba), Paraná, criado em Itararé-SP, cidade histórica das revoluções desde os seis meses de idade, terra de meus pais. Tenho casa em Itararé e casa em SP, onde estou desde 1970; para onde migrei com 18 anos, só com o curso primário, “Sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes, e vindo do interior…”, como diria a canção do Belchior. Mas já escrevia desde os 8 anos, descoberto precoce pela professora Jocelina Stachoviach de Oliveira, do Grupo Escolar Tomé Teixeira, e com 16 anos escrevia para o jornal o Guarani. De origem humilde, fui engraxate, boia-fria, vendedor de dolé de groselha preta, auxiliar de marceneiro, garçom, e também com 16 anos aprovado em concurso para locutor na Rádio Clube de Itararé, e nos shows de Pratas da Casa fazia paródias e imitações dos ídolos da Jovem Guarda, etc. Hoje sou Especialista em Educação, pós-graduado em Jornalismo Comunitário (ECA/USP), constando em mais de 800 links de sites, até internacionais (como Chile, Argentina, Itália, Portugal, Angola, Moçambique, e Rússia (Pravda), constando tb em mais de cem antologias literárias de renome em verso e prosa, até no exterior, e na Fundação Biblioteca Nacional (Gestão Ivan Junqueira) tendo a oportunidade de ganhar concursos literários, até internacionais, e mesmo no RS. Entre outros concursos, fui vencedor do Primeiro Salão Nacional de Causos de Pescadores (USP/Estadão/Rádio Eldorado/Parceiros do Tietê;), premiado nos concursos Ignácio Loyola Brandão de Contos, Prêmio Lygia Fagundes Telles Para Professor Escritor, Prêmio Fundação Cultural de Canoas, RS, Prêmio Biblioteca Mário de Andrade (SP), Gestão Marilena Chauí, Prêmio Literal (RJ/Fundação Petrobras), Gestão Heloisa Buarque de Hollanda, Prêmios Instituto Piaget (Cancioneiro Infanto-Juvenil) e Simetria (Microcontos) ambos de Portugal, entre outros. Feridos Venceremos? Pois é: somos eternos aprendizes da alma humana, e escrever é dar testemunho de nosso tempo, feito antenas da época (Rimbaud), aliás, tempos tenebrosos (Brecht) de infovias efêmeras e do neoescravismo da terceirização neoliberal, câncer do capitalhordismo americanalhado de todos por nadas… e nadas por ninguéns… ô raça! A terceira guerra mundial já começou faz tempo, desde a nova desordem econômica mundial? 2. Fale um pouco sobre seu livro. RESPOSTA: Bem, acabei de lançar o livro GUTE GUTE – Barriga Experimental de Repertório, Romance, Editora Autografia, RJ, a venda nos sites da Livraria da Folha, Livraria Cultura e Site Amazon, junto com o ebook O MENINO QUE QUERIA SER SUPER-HERÓI, Romance, lançado o ano passado, entre outros também lançados em 2014. “Gute Gute conta o historial diferenciado e inédito (e único no gênero) do que uma que uma criança na barriga gestora da mãe sente, como é que é a rotina cavernosa do trono umbilical e seu entorno, as reinações da grávida chorando de barriga cheia, como o baby se comunica com a mãe dentro da barriga adjacente, como é que ele pode se comunicar com outras crianças superdotadas ou sensíveis em outras barrigas-valises passantes, em berçários-ninhais. Com amor, humor, entre alegrias e sofrências, narro e destilo loucuras, perguntamentos, impropérios, barulhezas e contentices como eu mesmo fosse o filho da mãe, bendito fruto, e contasse desde a fase intrauterina de uma criança, até arrebentar-se na barriga do mundo. O hormônio da mãe, refletindo no baby, as relações e afetos maternos entronizados para todo o corpóreo em formação, pelo duto do cordão umbilical, feito uma navezinha em formação acoplada no planeta barriga. Quem tem mãe não tem medo, disse Henfil. Mãe é Mãe, Coca Cola é Coca Cola, diz o mote ridente das redes sociais. Pois o bendito júnior feito um João Bobo, filho da mãe, conta como é; o personagem central e narrador dá voz ao baby, que, sim, antes de vir à luz, quer falar, quer dar à luz a sua interpretação de meio, gestão e expectativa de vida no troninho com cordão umbilical. Vivemos mesmo só nove meses? Lendo o livro a ideia é fazer o leitor se senti na pele da mãe atiçada, com enjoos, com desejos, com entojos; na pele do bebê atiçado, numa mixórdia barrigal, cheio de perguntamentos e quireras de entendimentos espaciais, e precoce; na pele do pai babão e manteiga derretida, e, claro, só podia, também na pele do escritor, entre surrealismo, realismo fantástico e invencionices fora do convencional, quando não assustadoramente loucas, por assim dizer. Ser mãe é padecer no paraíso, disse o poeta. Ser filho com a pura inteligência emocional precoce e filho de pais PHDs é contar lorotas, peraltices, sentires, pensares e falares deste o ventre? Quero que o leitor sinta as contrações do parto do livro e do nenê espeloteado e traquinas, multi-transpolar e hiperativo desde a fase fetal. Já pensou? O que o bebê quer dizer, o que ele sente, pensa, imagina, cria, e espera. Entre sem bater. Bem-vindo à Barriga Experimental de Repertório de GUTE GUTE. Tem gente!”. 3. O que influenciou você a começar a escrever? E o que faz você continuar escrevendo? RESPOSTA: Criado bendito fruto (mago, bruxo?), depois de seis irmãs, mais tia, vó, mãe, enquanto baby era um leão-dragão espeloteado (nasci 19/08), depois na aborrecência fiquei chato, meu pai cristão calvinista ortodoxo, cansado de punir, resolver dar castigo, e como fui treinado desde que nasci para ser pastor (sou ‘Pastor’ de Poesias), tinha que ler nos jornalões as brigas entre Brizola (sou Brizolista até hoje), Lacerda, João Goulart, e, claro, li dezenas de vezes a Bíblia (o melhor livro que li), depois dicionários, clássicos (Verissimo, meu ídolo; aprendi a escrever com ele), enciclopédias e tudo mais. Quando o castigo era dobrado e tinha que ler um livro de 300 ou 400 páginas e depois resumir, então, era meu circo armado, acabei gostando do castigo e vivo de ler e escrever, até porque, a caneta pesa menos do que o enxadão, claro. E os livros me foram caindo nas mãos, até mesmo de autores estrangeiros, quando descobri Drummond ou mesmo Fernando Pessoa, achei o palco iluminado para o meu chão de estrelas. Desde guri, perguntador, queria saber sobre os melhores livros do Brasil, do mundo. Assustava parentes, amigos, professores. Era atiçado e ainda um açodado lado sentidor de sentir coisas, vestígios de ausências. O bendito fruto criando raízes entre o real e o numinoso. Até hoje amigos e parentes me chamam de Mãe Dinah dos pobres. Escrever é nos livrarmos do que a dor de existir nos faz sentir? Todos nós temos a nossa Guernica, somos todos Cunhas, querendo colocar band-aid em cicatrizes paraexistenciais, de veredas ancestrais? Na casa do pai há muitos raios que nos partam? Existir, a que será que se destina? Morrer é pré-pago? 4. Um livro? RESPOSTA: A Bíblia. Li tantas vezes, em multifacetados estados de espírito, entre amor e luz, amor e dor, esconderijo e subterrâneo, “dorpoesia” e válvula de escape, crime e castigo, escuridão e sofrência, crédito e débito, que sei de cor e salteado, de cabo a rabo, de cruz a espada. Os padres dizem que eu seria um bom frei. Os crentes dizem que seria um bom pastor. Os espiritas dizem que sou médium. Os ateus – melhore seres e humanos que conheci – dizem que como Fidel Castro, Bill Clinton e Barack Obama (todos leoninos como eu), eu deveria descobrir o Brasil para a pústula elite burguesa que ainda fala no fim das utopias mas no roubismo adquirido de priscas eras ainda mama impunemente no erário público blindada pela corja da mídia amoral e antidemocrática (hoje ligada a agiotas do capital estrangeiro beneficiada pelas ainda impunes privatizações-roubos dos new richs de Sampa, Samparaguai, o estado-máfia), e por uma rastaquera justiça de bandidos que deixa bandidos soltos, desde que sejam amigos do amigos do alheio. Penso (e já comecei) em terminar o que a priori chamo de o último livro sagrado depois do dezelo intimo contemporâneo. Como já escrevi 20 livros, três contratos de novos para sair, mais de mil cadernos de rascunhos de 200 pgs cada, penso em escrever um livro para cada ano de minha vida (e escrevo vários livros ao mesmo tempo/como leio vários livros ao mesmo tempo) e penso também em juntar para um que seja o mosaico de mim, do testemunho de mim, da dor de existir, pior, muito pior, da dor de sobreviver, e firmar esse livro como obra prima, obra irmã, obra no link do “almai”-vos uns aos outros, assim como vos armei como “gentehumana”…. DNA-Darwim Não Abandona? A morte é uma cura? Escrever está no meu hard-disc corrompido… Vai doer mais em quem ler do que já doeu em mim que escrevi tanto feito um surto-circuito? Livro bom é quando o leitor morre no final? 5. Um escritor estrangeiro? RESPOSTA: Bertold Brecht. Ator, autor, dramaturgo, escritor, poeta, louco da pá virada e da pá varrida. Os loucos herdarão a terra: Shangri-lá, Pasárgada, Neverland, Itararé, uma Jerusalém celeste, ou o inferno somos todos nós, e escrever nos livra de nós? Nos salvará de nós? Que fermento, erração, desvairado inuensilio, cisterna, purgação, hangar, silo, rave, coifa, é estarmos em nós não sendo donos de nós, e o livre arbítrio ser uma cruz (credo) compartilhada, viralizada e customizada? Morrer faz bem pra pose? 6. Um escritor nacional? RESPOSTA: Érico Verissimo que pra mim é a soma de tantos quantos. Incidente em Antares um livro que eu gostaria de ter escrito, o melhor escrito no Brasil entre outros. Mas li todos os livros dele, muito inocente puro e besta ainda, junto com a Bíblia, Dicionários, Enciclopédias, revistas Capricho, Contigo, Intervalo, Sétimo Céu, que minhas irmãs liam… Minha cabeça feito um liquidificador movido a brasa cheio de lacunas, depois virando uma metralhadora dialética cheia de lágrimas… Verter-se é ter-se, tecer de um tear anarcoespiritual, ou só isso mesmo: tudo a ser, tudo a ler, pérola aos porcos? Escrever me despe de mim, me lapida de mim, me despede de mim, ou me coloca no meu devido não-lugar nesse não-estar que é ser um Não-ser, eis a questão? 7. Um filme? RESPOSTA: Lawrence na Arábia. É a soma de todas as fitas, atores, música, fotografia, história, guerra, humanismo, lendas, economia, direito, violações, mortes, pecados, preços, medalhas, status de sítios, potências, desertos, (baseada no livro OS SETE PILARES DA SABEDORIA, que li muito tempo depois). Um filme que cada vez que assisto cicatrizado peno e penso: sou esse deserto de almas empenadas… Alma naus? 8. Uma serie? 9. RESPOSTA: Uma série de percalços para sobreviver com as mãos limpas. Séries de gibis sim (leio de Sócrates a gibis), de tvs não. A televisão é o penico da escória fazendo zumbis consumistas e dopados por fakes informações de cochos, currais, estábulos refis e redis? Tô fora 10. Um canal do Youtube? RESPOSTA: Atualmente ECOVOXTV. E no Youtube caço subterrâneos loucos aqui e ali, inclusive meus vídeos estão lá, até as três partes de minha entrevista no Provocações/TV Cultura/Antonio Abujamra… um documentário e meu Hino ao Itarareense… 11. Pratica algum esporte? Qual(is)? RESPOSTA: Levantamento de corpo de cerveja. Sou Corinthiano (tá na Bíblia, Corinthians 10 Versículo zero), cervegetariano zen-boêmico. Quem não chora não Brahma… e há bares que vem pra bem… O médico diz que tenho um cérebro louco para três corpos, mas só tenho um coração, e é aí que está pegando… E pediu para eu andar, correr, fazer exercício… As vezes parece que o médico é que é o doente… Na casa do pai há muitas geladas? 12. Qual sua maior dificuldade enquanto está escrevendo um livro? E depois de finaliza-lo? RESPOSTA: Nenhum problema. Ideias vêm aos milhares. No meio de um romance, 200 pgs na corrida, pinta a ideia de outro, começo outro, e o problema maior é depois de pronto, por assim dizer, ler mais de mil vezes, procurando erros, pesquisando se os neologismos fazem sentido, na dúvida leio alto para mim mesmo, o ouvido educa a mente que tem um estúdio lustral… O pior é isso: um livro nunca está pronto. Sai a fórceps… E todos são o mesmo livro, um continua no outro, que faz da minha vida-livro um ser enlivrado… Mas minha vida é um livro aberto na pg errada? E o final feliz é aquele que todos morrem… Bem Shakespeare… 13. Por que você acha que ainda é tão difícil, as grandes editoras nacionais “enxergarem” os novos escritores brasileiros? RESPOSTA; Grandes editoras enxergam lucros grandes. Vesgas pra arte. Vendem livros como ovos e sabonetes. A mídia formata mentiras. E reconfigura cérebros. E um novo para ser bom e novo e craque mesmo, 50 anos só não bastam. Os melhores são imortalizados pelo juiz tempo. Não há milagres. Há o inferno de pensar/sentir/criar. Moendas e engenhos íntimos. Quem quer ficar famoso dê um tiro na cabeça com bala de anis. Quem quer ficar rico escrevendo, passe 50 anos no Himalaia comendo lendas e oxigênio neural puro. O fácil é fortuito. O difícil cria limo, húmus, limbos: isso é arte como libertação… Escrever é um pé no sacro e saltar um abismo que não há. Mas tem os achismos, mesmices os coelhos da vida atrás do cofre aberto do bisonho com grife… A fama é reles? Só uma vida louca (e sangria desatada) dá uma obra de peso. Literapura é faca cega, peixe no liquidificador, granada sem pino… 14. Uma dica para o escritor novato? RESPOSTA: CARTA A UM JOVEM ESCRITOR: 1)-Não é possível, já numa primeira edição qualquer, escrever um livro perfeito, um romance perfeito. Para tentar escrever um tremendo livro assim, um clássico (o tempo é o melhor juiz), leva mais de 50 anos de erros e acertos imperfeitos, o que então e finalmente pode ser um livro assim de real primeira grandeza julgado pela história e consagrado por ela, imperfeita, história-remorso. 2)-O maneira mais eficaz de escrever uma boa obra, é ir escrevendo-a aos poucos, em um livro, depois outro; todos o mesmo livro-continuação, até que a experiência e a soma de tudo isso em décadas seja, afinal, um bom e verdadeiro e louco e impuro livro (impurezas de páginas de restos e rostos rotos), porque a imperfeição é a melhor parte humana do livro supostamente ideal, mas, ponhamos: ideal pra quê e para quem. Os ranços consagram os loucos. 3)-Bobagem acreditar que você é um gênio, porque o próprio gênio não se classifica assim após uma vida louca, conturbada, na sozinhez cervegetariana zenboêmica de um estofo fora de série de ler, pensar, relegar, reler, rasgar, fugir… Loucura-lucidez bola bons criares, assim, capitule, saque, sangue, singre, mãos ao álcool; erre mais, acerte mais, mas não se assuma dono da verdade, da obra prima, porque os melhores livros ainda não foram escritos, mas todos os bons livros escritos ainda estamos tentando compreender significâncias, entornos e ilações, irrazões, alusões e despertencimentos, incompletudes… desde o frigir dos óvulos, cantar dos galos, pés no sacro… e porque as paredes têm ofícios, envenene-se. 4)-Diálogo aberto, curto e grosso, não lineares, falas soltas, imagens, desenhos, sacadas, contundências, balões, quadrinhos, desenhos, imagens, tudo soma um livro que é em ‘versoeprosarudeza” como é amor, humor, terror, estertor, fantasmas, estercos, sandices, livro bom poderia ser, no devir, quando autor ou o leitor morrerem no final… sacou ou o círio saiu pela culatra do desdizer tácito? Impregne-se. 5)-Toda história é remorso, toda obra prima é irmã do escárnio, todo decurso narrativo é fogo, pólvora, enxofre, jorro neural, ou seria achismo, escapismo, e nada melhor do que dia depois do asco, o que cria é o ego, descanse, deixe a obra no chorume-bisotê, no achadouro ‘noia’, na decantação refil, leia-a depois do oficio-fuzilo de fazê-la, e se enxergue, ou seja: veja o que você realmente não quis dizer e disse, ou o que quis dizer e nem mesmo você entendeu o que quis exata-mente dizer na mixórdia contemplativa do desfazer-se… Nas particularidades estão todas as melhores narrativas, enfoques e todo foco deve ser fogo-fátuo ou seria rock groselha chinfrim. 6)-Casos de amor enrolados e craquentos nem sempre valem a pena, engordam, engodam açodados, mas todo verdadeiro amor é trágico e louco com carnegões, um amor que dê certo não é amor é novela démodé com cisma de antro deja-vu, uma convivência que desmonta uma parte não é amor é adestramento, que o ódio suturado seja a melhor ferramenta, que a traição seja a energia, que o humanismo de mentiras e torpezas sejam as barulhezas do criar o indizível, o inominável, e a tal “abensonhada” faca destrinchando desvãos de almas, c8icatrizes, arquétipos, estrumes sociais, estercos parasitários quebrando normas, regras, a tal língua culta que tem cabresto e mata-burros. 7)-O herói deve ser mau caráter embonitado, pervertido cristão, procurando calma pra se coçar, deve ser personalizado rococó, perolizado assim, humanizado (ô raça), e assim parecer mais real do que o real, porque, quem não cheira e não freud não vincula, não agrega e nem associa, a bem dizer, não tem nada a dizer. Arme-se de erranças, purgações e conflitos com filtro. Fermente o volátil. 8)-O pior criminoso no local do crime pode ser você construindo uma obra morta, em letra morta, vulgar, estilizada para carcaças, perdendo tempo, papel, árvore, espaço-word, tinta cabritada, teclado do narcocontrabando informal, para desaguar no obvio ululante datado e de ocasião, que afinal saia e seja mais uma literatura abutre em terra de cegos mamando best-sellers do arco da velha, purgantes letrais, já pensou que grande precariedade ajustada ao consumimo tantã? 9-O final feliz não deve ser nem final e nem feliz. Nada começa e nem acaba, tudo é. No final feliz todos morrem, cara pálida, lembre-se, e esgotar horizontes é olhar para dentro de sacanas mentes insanas, surto circuitos ótimos, não queira ser prudente, nem queira ser o que você não é, escreva, delete, escreva, delete, corrija, apague, tome-se uma surra, forme sutras-parangolés, suma, e você verá/lerá a escurez na chiqueza de um outro achado narrativo, de parágrafo ótimo, com a arte pondo as tripas para fora, as vísceras da literatura que quem não se arma não chora, quem não chora não se acha, e quem não frita os miolos no bem criar que vá cantar noutra freguesia simplória, porque arte-criação é estar no átomo sem cachorro, ser macarrão gravatinha na feijoada, e ainda assim dar no couro, no papel, na tinta, no blog, no site, no curral das aparências… 10)- Todas as criações dependem de bruma, turvações, véus e acessórios pertinentes a quem se mete a besta de. Toda ficção quer beber da cicuta do real imaginado. Toda arte que inspira é arte porque tem o câncer do DNA humano – ô raça – e nem tudo que reluz é arte, nem todo palco é abismo de rosas, melhor a tentação do eco no abismo e ver que escrever é estar com uma pipa com cerol na jugular, senão a poesia pangaré será apenas rima, a historieta apenas causo pica-couve sem graça, e o que poderia ser não é, afinal, feridos venceremos, errando venceremos, e o maior dos LIVROS (vidas-livros) estão/são escritos nas veredas, nas cisternas, nas angústias, nos grandes sertões, ou em Mallarmé, Rimbaud, Proust, Joyce, Marx, Freud, Nietzsche, e quem quiser fama, sucesso – muito Nobel não merece o (quem?) nobel por vil e ignóbil – e em vez de atravessar a ponte caia no rio, berrar é humano, a literatura é hermafrodita, por isso, escreviva a dor de existir, a sobrevivência de purgar o sentir, sendo um não-ser num não-lugar, e que no apagar da velha chama que a arte afinal ainda seja a árvore sobre a sombra tenebrosa do processo de criar 15. Quando e como começou sua paixão pelos livros? RESPOSTA; Como já disse, castigo e forja e luz, e chorumes de escombros íntimos. A vida só salva quando salga… 16. Quanto tempo você demora em média para escrever um livro? Contando revisões e etc. RESPOSTA: Se quiser escrevo um livro por dia, cem pgs no mínimo. Troco três teclados por ano. As letras somem. Gosto mais de ler do que de existir. Gosto mais de escrever do que de respirar. É um por cento de ideia, fantasia, imaginação, abstração, escuridões se levantando, e 99% ralar, pegar no breu… passar a ferro e fogo, feito um osso duro de ruir… ócios do oficio? Ah as desnaturezas do outro humanus em nós… 17. De que forma você gosta de escrever? Em silencio, com música? RESPOSTA; De todo/qualquer jeito. Sonho livros inteiros em segundos. Levanto desesperado e passo um rascunhão a limpo do limbo de cem pgs mais ou menos da obra como um todo. Depois nas horas vagas vou compondo os favos, pontos, acertos, arremates… torneando o corpo-livro da obra… da vida-livro, das personas… quando se vê, mais um tijolo… que é quando eu me carrego para fazer uma casa no céu que deve ser um paraíso de livros… Selfie-se quem puder… 18. Dedica quantos dias da semana para a escrita? Quantas horas por dia? RESPOSTA: Dedico horas, honras, tempos vagos, campos minados, areias movediças, carrego rascunhos (quase mil cadernos), estou sempre criando, guardanapo, papel higiênico, bula, receita, lista de compras, cheques, pedaços de papelão, compensado, eucatex, lenços… documentos. Ins-Piro… No meu normal sou água com açúcar. Escrevendo o medo-rabo instintal me salva de mim. Liberta-me de mim? Quando crio estou orbitando… Sentado, escrevendo, estou em pé de guerra acendendo fósforos. Olha o Érico cada vez mais veríssimo aí “genti”…. 19. Você começa a escrever um livro já sabendo tudo o que vai ocorrer nele? Como funciona o seu processo de criação? RESPOSTA; Branco total. Zero total. Nada a ver. Começo (evoco/emprumo, saio-me de mim) e deixo a mente di-vagar mundos e fungos, ícaros e ácaros, errações e erratas, ilações e alusões, dezelos e esparadrapos. Curtumes íntimos/espirituais? Crio, logo extirpo a minha senda de sentição. Quando não domino nada do que tenho que escrever, cubro a cabeça e deixo a folha em branco esperando eu me mergulhar no caos da expectativa transe, surto, encordoamento. Enquanto não vaza, não faço nada. Então vou beber de fontes de arquivos neurais e de lá (onde?) trago o que depois busco verniz técnico e aparato quântico para aprimorar o “dizido” a ferro e foco, no muque. Psicografo? Quem nos libertará de nós? Mágoas passadas? Crime e castigo? Cem anos de solidão?. Em busca do tempo perdido?. Guerra e paz? Tenda dos milagres? O tempo e o vento? Benza-Deus! 20. Como você escolhe o nome para seus personagens? RESPOSTA; Eles se escolhem e entram na pg, no livro, no parágrafo, nos flancos, diálogos, e vão criando ranços, bafos, mordeduras, azedações, vão se “humanizando” (o horror de), quando se vê, estão ali muito prazer, na mixórdia narradora, como uma lanterna apresentando afogados… geografias, espaços, carne de pescoços da pior espécie, corações enlutados, almas de arames retrazidas, espíritos de poucos… favas, colmeias, rios, árvores, nuvens, gotas, cárceres, cancros, ranços, ah a sifilização ancestral dos bandidos bandeirantes dos impérios vis, da igreja como câncer da história. Pagãos e cervos. Santos de infernos hostis. Tudo é purgação? São idas e vindas? São vidas-mortes? Vidas-celas… 21. Quantas vezes você reescreve seu texto? Reescrever é uma boa opção para…? RESPOSTA: O primeiro despojo é jorro neural. Depois é lapidar quebrar o orgulho do ego-criar, pro ID sangrar/salvar. Reescrever (como escreviver) é que faz a obra ser obra. Fora disso é panaceia de falsos artistas, escritores, literatura menor, capenga, croniquetas de angu de caroço. Arte é cerol na jugular. Ou é pangaré querendo asa de casulo, o que não cabe em si e que não sai de si é que é arrancado pelo veio criacional como um vômito. Regurgitando venceremos o medo de termos sobrevivido aos coices de veredas adquiriras em outras eras, guerras, guelras, feras, esferas, cavernas. 22. Escrever no papel ou no pc? RESPOSTA: Escrever no papel, no PC, nas paredes do banheiro, nas tábuas da mente, no cinema mental, no teatro da memória, no cardume das sentições… no palco do porão, do sótão, da arrebentação. Escrever é pele vestindo o que não há. Somos o que queremos ser? Se fosse para sermos o que achamos que somos, não teríamos nascido aqui sendo o que somos, a via láctea o aterro sanitário do espaço, onde estão depositados todos os vermes… 23. Seu maior sonho? RESPOSTA: Nunca mais existir sendo “gentehumana”, o que quer que isso signifique, o que tb não é pouca merda… 24. Além de escrever, o que mais você faz? RESPOSTA: Sobrevivo e resisto no átomo sem cachorro… 25. Para você qual a função social da literatura? RESPOSTA: A função social da literatura propriamente dita é não ter função social nenhuma. Como oriundos dos cipós posando de “euses” estamos cagando e andando para qualquer coisa que seja regra, norma, função, esquema, software… Morrer é dar descarga e evacuar o quarteirão, enquanto alguém finalmente ajoelhado aos nossos pés finca uma cruz de sentença adâmica como uma marca fatal, tipo, ferrado? 26. Quando você não consegue ir adiante na história (bloqueio criativo), o que você faz? RESPOSTA: Sempre vou. Nunca fico pelo caminho. Bloqueio criativo? Não sei o que é isso… Não tem isso nos meus chips. 27. Seu principal critério para a escolha de um livro para leitura, é o título, assunto ou autor? RESPOSTA: Leio livro, como livro, bebo livro, cheiro livro, sou o livro. Não tem preço o instinto captador. Nem forma. Somos escolhidos antes de escolhermos? Um tatu cheira o outro, está escrito nas estrelas? 28. O primeiro livro que você leu? RESPOSTA; A Bíblia. E o melhor, para sempre. 29. Como é o seu processo de criação? Como você faz desde que você tem a ideia para uma história, até terminar de escrevê-la? RESPOSTA; Mais ou menos já explanei. O processo de escrita é não ter processo nenhum, a não ser feito um grão de mostarda transgênica sendo processado para ser massa, obra, livro, filho, árvore, retorno, chuva, nave-nuvem, cacho de implicâncias como azedumes purgando portabilidades paraexistenciais… 30. Para finalizar, Onde podemos encontrar sua(s) obra(s), e como os leitores podem entrar em contato com você? RESPOSTA: Procurem meu nome do GOOGLE. E me adicionem. Normalmente não cobro que me leiam, nem cobro para fazer resenhas, prefácios, posfácios, críticas, formatações, TCCs, leituras avaliatórias, ensaios, artigos, etc. no que posso ajudar um outro escritor, estudante, pesquisador, divulgo, capricho, numa boa. Sou meio bobo nessa área, sou socialista, não dinheirista. Tento desesperadamente me parecer humano… Isso dói. Serei recolhido para avaliarem a procedência e aproveitarem a carcaça? No entanto, indico alguns sites, se o resenhado/criticado/ajudado/curioso/inciante em artes da pá virada como eu quiser e puder colaborar, comprando alguns dos livros meus, vejam os links: Aqui: Um Romance, um livro de Microcontos, um de Poemas e um de Alta Ajuda, lançados em 2014 http://www.clubedeautores.com.br/books/search?utf8=%E2%9C%93&where=books&what=silas+correa+leite&sort=&topic_id= ou GUTE=GUTE, Barriga Experimental de Repertório, Romance, 2015 – Editora AUTOGRAFIA, RJ, recentemente lançado, Dados: Livro: Gute Gute – Barriga Experimental de Repertório, romance, 226 páginas. Autor: Silas Corrêa Leite, poeta, blogueiro, professor, escritor – Editora: Autografia, RJ, 2015 www.editoraautografia.com.br Fanpage: https://www.facebook.com/guteguteromancesilascorrealeite?fref=ts OU EM EBOOK, para ler no Kindle, etc. Site Amazon: http://www.amazon.co.uk/Portuguese-Edition-Silas-Corr%C3%AAa-Leite-ebook/dp/B014HIUJ5Q ou http://livraria.folha.com.br/ebooks/literatura-ficcao/gute-gute-ebook-1316008.html ou O MENINO QUE QUERIA SER SUPER-HEROI, no Amazon: http://www.amazon.com.br/MENINO-QUE-QUERIA-SUPER-HER%C3%93I-Infantojuvenil-ebook/dp/B00K9EECBK Porta-Lapsos (Poemas), Campo de Trigo Com Corvos, Contos Premiados, e Desvairados Inutensilios, Poemas, no site: www.livrariacultura.com.br – Abraços – Silas Corrêa Leite, em quase todas as redes sociais, quase 5.000 amigos no FACEBOOK. – E-mail: poesilas@terra.com.br www.artistasdeitarare.blogspot.com/br PARA ENCERRAR, UM TEXTO MEU: Os Dez Direitos do Leitor-Cobaia (Apontamentos Para um Esboço de Rascunho Ensaístico) “O homem é o ser pelo qual o nada vem ao mundo (…)” Jean-Paul Sartre 01)-“Os honorários e a proibição da impressão são, na verdade, a perdição da literatura. Só produz o que é digno de ser escrito quem escreve unicamente em função do assunto tratado. Seria uma vantagem inestimável se, em todas as áreas da literatura, existissem apenas alguns poucos livros, mas obras excelentes. […]. A condição deplorável da literatura atual (…), tem sua raiz no fato de os livros serem escritos para se ganhar dinheiro. Qualquer um que precise de dinheiro senta-se à escrivaninha e escreve um livro, e o público é tolo o bastante para comprá-lo. A consequência secundária disso é a deterioração da língua.” Schopenhauer “Escrever para este contingente não vale a pena, assim como não vale a pena dar flores para quem está resfriado cheirar. Há momentos em que fico completamente desanimado. Para quem e para que escrevo? Para o público? Mas eu não o vejo e acredito nele(…); não tem instrução, é mal-educado e seus melhores elementos não tem consciência e são hipócritas para conosco. Se sou ou não necessário a um público desses, eu não consigo entender (…). – Nem o diabo consegue entender.” Tchekhov …………………………………………………………………………………………………………………. 01)-Todo leitor tem o direito de deixar de ler um livro maleixo e tantã, quando o tal do bendito livro for muito água com açúcar, uma mixórdia de chorume só, sem estilo e só de estalos, ou, cujo assunto, temática, enfoque, narrativa ou pretensão nunca sejam de assentar conhecimentos deveras edificadores pra patuleia se coçar com garbo ridente, com prazer de ler com qualidade de escrita e devaneio, e sensibilidade criativa, e, principalmente, claro, não ser um livro de alto nível, ou em estilo todo próprio de autor um mero aventureiro na área que escreveu, por não por ter nada o que contar, que importasse ou prestasse de valioso e primoroso rigor, que fosse interessante ou que valesse a pena passar adiante, mas por achar que era, digamos assim, en passant, um escritor de araque; quando apenas era um iniciante se achando, um amador claudicando, e um escrevinhador de simplicidades que não cheiram e nem Freud… 02)-Todo leitor de quilate mais não morde, tem que ser um maldito de um chato de galocha em 3 D, cobrar qualidade portentosa e louca do escritor, insistir na barra braba leitura do chamado livro difícil, procurar erros a torto e direito, sacar eventuais lampejos de lucidez ou de trevas enfermas, curtir júbilos tácitos, captar irrazões cascavéis, errações-adrenalinas; captar narrativas telúricas ou numinosas, e procurar na escrita, não apenas só o mero lado pop chinfrim, ou cult com informatizes, mas o lado terrivelmente humano, demasiado humano (berrar é humano?), da açodada alma humana infestada de dúvidas, porquices, falsas chiquezas, chuleio de rancores, betumes de escuridões – a própria dor de existir (e ter que sobreviver) porque, se precisássemos de livretos de baixo calibre, nem Nietzsche, nem Kafka, nem Dostoievski, e nem mesmo os maiores e melhores e mais loucos – a dor, a dor, a dor – escritores do mundo teriam escritos clássicos com seu próprio sangue, na dúvida, no rancor, no ódio, no medo-rabo; ‘limonódoas’, alucilâminas, como se coices desestimados nos rasgados parágrafos com estercos empa-lavrados… 03)- Todo leitor sapecado de tanto ler os tais mil melhores livros do mundo de todos os tempos, ou de sua região telúrica, continente ou país, isso só e ainda até o começo da chamada primeira juventude tubaína, tem todo o direito de ler, pesquisar, discordar, criticar o escrito, purgar fermentações, e escrever um seu livro também, tipo aquela frase famosa de plantar um filho, gerar um livro e escrever uma árvore. Assim, afinal, como todo mundo tem direito a ser idiota, todo mundo também tem direito a ser escritor… Mas não é a mesma coisa-radar como querer ser jogador de futebol grosso, ser artista brega, pagodeiro-vômito, e, pior, camaradas, muito pior cara pálida, tipo assim sofrer na pele para escrever ranhuras, rasuras, cortar na carne a palo seco para dizer a que veio o veio da lepra historial, plantar o livro na alma para ver-tê-lo, rascunhar a obra no sangue corrompido, no suor-ritual, e assim, depois de se reescrever por zil vezes, corrigir sempre e sempre e achar que está errado (nunca está perfeito), achar que está fraco (tudo é ego), que está bobo e incompleto-varizes, e perquirir, insistir, como se cavasse um pedaço de vulcão na mente e deixasse verter amarras, neuras, cordões de isolamento, filés de granito, sangrias desatadas, e a sua própria dor de escrever, escreviver, no horror de ter que contar, narrar, como cisco no olho de vidro procurando polvorosa, para saber que a obra, sim, a obraça, vai fazer diferença – indiferente de sucesso e de dar lucro – e vai doer mais em quem ler do que em quem escreveu, porque, hermanos, para nosotros, sorry coxinhas com dialetos e sotaques, livro bom e supimpa é quando o leitor morre no final… 04)-De livro bobo, jeca total, manjado, carrapicho, com egoíscas, comum como raspa dura de espalhafatos, o mundo gororoba já tá de sacro cheio pra chuchu de isopor, milhares, milhões, todos eles dispensáveis e calçando estantes de plástico transgênico e prateleiras babilônicas, e prateleiras e estantes refugando, entre o cupim marmota e as abobrinhas escritas a solo cínico, impressas, editadas, mal corrigidas, mal começo (quem?), mal meio (quando?), mal fim (porquerismo), não necessariamente nessa desordem cagando godê, pés sem cabeças, galinhas sem fé, tipo assim, achismo, mesmice, ora um pseudoescritor, um pseudoprofeta, um pseudodono da verdade, um pseudo pastor de ‘ovelhos negros’, um pseudo filósofo que não tem nada a acrescentar no seu “agon” gabiru, tudo muito tatu misturado cheirando a anta, e nada gerando a nada, porque os maiores e melhores escritores não foram julgados em suas panelas e clubinhos, nem em testes de sofá ou em poses com relinchos a exaustão, mas muito depois de décadas de mortos, refugados, é que o juiz como gangrena morfética, chamado tempo-rei, deu o veredicto dos melhores livros do mundo, de todos os tempos, e quando foram lançados – se foram lançados – não foram compreendidos, nem entendíveis, não significaram muito, mas o tempo deu o quinhão de grandeza devido a cada um, desde Miguel de Cervantes a outros tantos, e, diga-se de passagem, livro bom é quando dói ler, que saímos melhor depois da leitura, não emprestamos pra ninguém (morra mas não empreste livro ótimo), nem aceite de asnonauta, nem de asnoia, um palpite infeliz, queremos ler… e ler… e ler de novo, como se o clássico esculpisse também um luz no fim do túnel na nossa estilingada lâmpada mágica de existir, na resina de sobreviver e de reagir enquanto animais que podem dizer o totem, a tribo, e dizerem que pensam sobre canoas furadas e deleites derramados… 05)-Todo leitor sabe que de livros bonzinhos o inferno de Dante está cheio – e queima-os todos, todos os cancros dias – que livros de colorir é para cérebros barrinhas de cereais, que livros com linguagem pamonha de infantis-chulés é para jacaré voador dormir o chato sono do crepúsculo zumbinado, que livro de pegadinha, de uma forma ou de outra é só mais unzinho, porque, quanta posuda gente jeca lançou livro de supetão, quantos tipos autoridades de antros e embustes lançaram livros como se canivetes cegos ou caibros-machadinhos, quantas personalidades midiáticas em 50 tons de húmus lançaram livro, livrecos, libretos, caraminguás, calhamaços, almanaques, mas, falando sério, cara pálida, o maior e melhor livro que escrevemos são nossos passos sem réguas e com pecados, nossas páginas de rostos sem rímel, nossas vidas sem remos de rumos, nossas paginas abertas de amor ao póstumo turbinando o nó cego, o fútil, o ignóbil e vil, de horror customizando a dor a trancos e barrancos, e de livrecos escritos no apagar da seiva, da chama fálica, nas seitas-circos, saunas-areais, e em recôncavos de escárnios ou de misturanças alhures que não significam nada, são livros de ocasião, pro sujeito rastaquera da mesmice se sentir importante dando chute na sombra, dando autógrafo com paletó e gravata, ou ainda falar que escreveu alguma coisa melhor do que a sua própria vida de simplismos com engodos, e, enfim, parecer que é o que não é, entre achismos, modismos, e o tal desse novo bem bolado neologismo contemporâneo, o “escrevismo”… 06)-Todo leitor sabichão e esturricado de leituras de porte, de prazeiranças letrais e contentezas nas ‘leções’ como oxigênio-ansiolítico, sabe que o maior e melhor de nós já vem marcado desde muito antes de nascer, como diria aquele refrão pérola negra daquele ‘roquerrou’ groselha preta. Ferrados venceremos. Feridos venceremos? Ah a inadaptação entre a cólera criativa e a ração dos arames das palavras. A solidão é a melhor amiga do revólver. Que mutação é a capa e a espada da fantasia-dolé, da imaginação-cocho, do laboratório-coice do homem espumando obras de informatizes e labiriscas, feito egoíscas a pagarem o saldo de neuras de meras lesmas lerdas que são? Escrever é desmanche intimo? 07)-O leitor tem direito a não gostar de abobrinhas água-com-açúcar, até porque, falando sério, Saravá James Joyce, escrever certinho é empilhar cadáveres, o rigor formal dá frio na lombriga, e na leitura de engodar o leitor sub cretino e sem cérebro, pois o certo é desencravar o cérebro do sujeito empatado na leitura, o ácid rock do verbo, o curtume do predicado, e a oração certa como reza braba. Escrever desconcertos é transcriar muito além do prego do faquir, barrar conceitos, forma/atar desespelhos, desabandonos, e quebrar cincerros, berrantes (infovias efêmeras?), mata-burros… A loucura extrapola a linguagem chulé, tira beronhas de esqueletos do armário da chatice-Hipoglós, assenta tijolos de águas paradas, pratica a lavoura arcaica das tentativas, na loucura santa dos lúcidos sem motores de geladeiras para ninar noiteadeiros zen-boêmicos, pois escrever é especular, escrachar, sair perigritante do rigor formol, e cair em bordeis de tentativas de melhorias em formões e fóruns marginais… E depois, tem tanto otário dando certo, com enriquecimento ilícito, improbidade de meio e clã, em desaquecimento moral, por uma morbidez de pose e consumo, que dá pra pensar que o talento é filho da puta, o dom mesmo é filho bastardo do tempo, da loucura, não da fama, ou da vaidade-catamarã, e depois, disse Bernardo Soares (Fernando Pessoa): Toda vitória é uma grosseria… 08)-Leitor parente cobaia não vale. Nem com um salve geral por atacado e nas arredondezas. Nem no selfie service. Nem leitor coleguinha de embuste, dizendo loas e geleias gerais. Nem amigo de amigos do alheio. Nem tem preço barato um escritor que preste. Escritor que presta morre sem saber o que é, pensa ao contrário, levanta, sacode a poeira e não sai da cisma-pangaré do pesadelo-talismã. Escrever é per-ver-ter-se. Afiou-se? Ler é ser pensador, sentidor, palavrador, entrar de mala e cuia na alma do criador que não tem alma, ou não seria criador, e tentar compreender a tal faca cega que é a aventura tenebrosa de sub/viver existindo… Sem cérebros? Subcretinos?. Escrever é assistir óbitos. Precisamos uns de outros para de alguma forma nos devorarmos no consumismo de best-sellers como pacotes de consumismos regrados? Um ótimo livro é escrito em décadas, pensado antes, fornicado depois, e, criado/parido/enlivrado; Santo Daime, devora o criador… Aleluia Brecht, Maiakovski, Dostoievski, Tolstói, Shakespeare, Umberto Eco… 09)-O artista é o pior animal enjaulado que tem. Sai de baixo. Tem cabimento? O ralo? Pergunte ao pó póstumo… Será o impossível? Onde já civil? O pós-Darwin lê quando está no banheiro, para não se esquecer que é um animal. O puta escritor, bota a alma pra fora quando se lavra nas palavras. É o ego coagulando histerias de esquizofrêmitos e esquizocênicos implicadores de per/curso sobrevivencial? 10)-Todo livro é uma microbabel materializada pra consumo, customizada, passado a ferro e fogo fátuo, feito um pen-drive clonado. Dormindo, treinamos a morte. Criando, tentamos a imortalidade pós-tudo?. A paga da saga. Escrevendo deixamos um rastro como uma lesma-lacta-láctea carregando seu próprio precipício às costas. Escrevo, escrevo, escrevo. Escravo? Não há brancas nuvens (brumas elípticas), almas gêmeas (algemas), mas solos de incompletudes, inconformidades. O mal da terra. O caos educa? O certinho contamina? E o falso, o engodo, o arranjo? O leitor sabe que mentimos. O leitor entra em nossa mentira de mão beijada. Se se identifica, é do mesmo clube de nossas mentiras impressas. Sentir é o melhor energético? O leitor gostando de sua mentira-rivotril, não pela verossimilhança, mas pelo caos do absurdo que o corrói, o nutre, na burreza pegajenta, feito ócio duro de ruir, e quebra-se de encanto e acha gênio o que se vendeu por 30 moedas podres de papel… e quando se vê, o livro maioral é um pacote, é uma patacoada, uma cilada de sílabas lacrimejantes, uma ‘almanada’, uma carranca com glitter, um preço que pagamos penico para escrevermos e sairmos ilesos de tanto, fé na tábua. Stop! Best-sellers? Esqueça. Não há gênios, há germes. Não há consolação, há vermes com o lado b enlivrado. Não existe paz no livraço. É tudo um catatau de miserês, cem anos de solidão, perdas e pedras nos caminhos, honras de ódios masturbatórios feito filosofias fecais, e escrever nos devolve ao nosso próprio controle remoto, e, ainda, quando no frisson do final feliz, estamos no piloto automático, nem sabemos mais o que fizemos de nós, e a que preço de banana e viral portabilidade estéril nos vendemos, com nossas patacoadas, carcaças, carroças, venenos, bananas, alquimia-camaleônica, porque é assim que funciona o lume neutro, a treva branca, é assim mesmo que é: um livro vale milhões de leitores. Mas um escritor não vale as palavras que somem do teclado, por isso, nem Word salva, e é morrendo que sacamos que o buraco é mais embaixo. Quando matamos o personagem é um suicídio conspurcado, morremos ali. Quando revelamos o cadáver da autópsia final, é nosso inferno infinito e particular dizendo sim ao sim, e nunca não ao não. E depois, disse Antonin Artaud: “Nunca ninguém escreveu, ou pintou, esculpiu, construiu, inventou, a não ser para sair do inferno”. Nas bibliotecas dos limbos estão os cadáveres dos que sangraram até se assinarem existindo, sabendo do DNA-Darwin Não Abandona. Putas grávidas primeiro. As vísceras e os gomos dos cérebros-jeremias peguem senha. Ah a arte canibal que nos enreda! -0- Silas Corrêa Leite (Da Série “Chorando Sobre Deleite Derramado”) E-mail: poesilas@terra.com.br – www.portas-lapsos.zip.net

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Silas Correa Leite [Poeta, Escritor, Jornalista Comunitário e Educador Brasileiro]

Silas Correa Leite. Educador, Jornalista Comunitário e Conselheiro em Direitos Humanos, começou a escrever aos 16 anos no jornal “O Guarani” de Itararé-SP.

Fez Direito e Geografia, é Especialista em Educação (Mackenzie), com extensão universitária em Literatura na Comunicação (ECA).

Autor entre outros de “Porta-Lapsos”, Poemas, Editora A

Poema Cristo Crucificado

Tomo tu dolor, Cristo crucificado
Y quiero bajarte de ese horror
Quiero arrancar el clavo en tus pies clavado
Para darte el conforte de mi simple amor
Siento dolor, Jesús, al mirar tu estado
Y quiero salvarte de ese terror
Liberar tus brazos abiertos del madero armado
Cantarte una cantiga, darte un
cobertor.

Siento tu dolor, mi Dios, allí clavado
Que vier

Livroterapia

Biblioterapia, a Terapia da Leitura Que Cura Almas, Corações e Mentes

Livroterapia, Um Remédio Caseiro e Casual Que Escancara e Cura?

-Doutor, estou com graves problemas emocionais, de depressão a falta de apetite, de baixa estima a obesidade mórbida, que remédio o sr me indica?

-Leia o livro tal. Você vai adorar. Vai fazer um bem enorme pra vc. Pratique es

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